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No início do mês a Carolina Dieckmann teve 36 fotos nuas vazadas na internet. O caso deu o que falar e a atriz conseguiu mover ações que devem mudar o rumo da segurança da informação no Brasil. A partir deste caso, a Câmera aprovou um projeto que tipifica os chamados crimes cibernéticos ou praticados via internet.
"O Brasil não tinha leis para crimes digitais e só depois que uma pessoa famosa teve problema é que tentaram mudar este cenário. É incrível que uma foto nua tenha mais importância do que o roubo de dinheiro de outras pessoas", comentou Raphael Labaca Castro, especialista em Awareness & Research da ESET na América Latina, em entrevista para o Olhar Digital. "No entanto, foi bom para mudar as leis e vai servir de alerta para os usuários", completou.
Para o especialista, o caso mostra que a conscientização só acontece depois que as pessoas veem casos reais e não somente com alertas e incentivos a segurança dos dados. A atriz foi pega através de phishing, um método que vem sendo utilizado há muitos anos por aqui. Segundo ele, na América Latina, o Brasil é o país que mais sofre com o phishing, principalmente, o trojan bancário, que rouba dados das contas correntes dos internautas.
Apesar do caso da Carolina ter sido um imenso alerta para os brasileiros, a empresa de antivírus ainda acredita que o phishing deve continuar fazendo vítimas no páis em 2012. Além disso, um novo cenário será estabelecido dentro dos sistemas operacionais desktop. Com o abandono do Windows XP pelos usuários e a adoção do Windows 7, a tendência é que a “nova” plataforma mais popular da Microsoft seja o alvo de cibercriminosos. "Esta foi a primeira vez desde o lançamento do Windows XP que outro sistema [Windows 7] tomou a liderança. Como a plataforma tem mecanismos diferentes, as ameaças devem evoluir também e isso é bem perigoso, pois novos métodos surgirão", comentou.
Na área de mobilidade, o Android deve continuar no centro das atenções dos cibercriminosos. As ameaças para smartphones estão crescendo e o sistema operacional do Google é o mais visado. Mais uma vez, a quantidade de usuários influencia na escolha dos criminosos na hora de criar um malware. De acordo com dados do Gartner, mais de 500 mil aparelhos com Android estão sendo vendidos por dia e, portanto, esta é uma plataforma recheada de possíveis vítimas. Outro ponto que chama a atenção dos hackers, segundo o especialista, é que o modelo de negócios do Android permite que qualquer usuário crie aplicativos para o sistema, o que facilita o desenvolvimento de apps maliciosos.
“Para conseguir colocar um app na App Store da Apple é chato, pois eles são bem rígidos e checam cada aplicativo. A maioria de casos de malware no iOS é quando as pessoas fazem Jailbreak [processo que permite aparelhos com iOS execute aplicativos não-autorizados pela Apple]. Já no Android não há rigidez na aprovação dos apps e, portanto, existem aplicativos com malwares espalhados por aí", explica. Para se ter ideia do tamanho do problema entre os smartphones com Android, a ESET encontrou mais de 41 famílias de malwares criados especialmente para atacar o sistema do Google, sendo seis delas criadas em 2010, cinco em 2011 e o resto somente neste ano.